HOMO PACIFICUS
Podemos facilmente reconhecer os traços deixados no caminho pelo Homo Faber em nossa evolução. Estamos há muito tempo transformando nossas vidas, cavernas e mundo com nossa engenhosidade e inteligência. Realmente são incríveis as conquistas e maravilhas que criamos.
Também sabemos da importância do Homo Ludens, aquele que brinca, joga, canta e rola, interagindo e aliviando o estresse da sobrevivência. Precisamos de nossas válvulas de escape, aquilo que permite nos desconectar da realidade por alguns momentos e nos jogarmos na fantasia e na alegria de viver. Diversão é uma necessidade da nossa espécie.
Homo Sapiens Sapiens é aquele que sabe que sabe; o desperto, consciente e lúcido. Pelo menos é o que sugere o nome. Porém, acho que alguns pararam no primeiro sapiens e ficaram por ali. Estamos aguardando nossa espécie baixar o programa avançado dos que sabem e são responsáveis pelo que sabem. Estar ciente não basta se não agimos de acordo. Exemplos são inúmeros, como a proteção à Natureza. Sabemos que preservar e cuidar do meio ambiente é a única opção inteligente que existe se quisermos continuar a viver neste planeta. Mas apesar de saber disso, continuamos a poluir, criar leis que fragilizam a preservação e consumindo produtos que apodrecem e infectam o ar, o mar, a terra e o nosso corpo.
Não podemos alegar desconhecimento, afinal postamos e repostamos tantas mensagens, artigos e pesquisas científicas sobre ecologia, saúde, política e muito mais, que fica até ridículo colocarmos a culpa dos desequilíbrios nos governantes, nos outros ou em Deus. Somos, no mínimo, cúmplices, corresponsáveis pelo estado atual de evolução da humanidade. Mas fingimos não saber. Mantemos os mesmos hábitos, perpetuando e aprofundando o fosso entre nossas ideias e ações.
A evolução acontece silenciosamente. Por vezes, há saltos energéticos quando seres iluminados passam por aqui e nos deixam ideais que inspiram ações e revoluções.
Nem sempre as ações realizadas coletivamente nos levaram para situações mais elevadas, lembramos que as guerras e perseguições também são realizadas coletivamente. Nossas escolhas produzem resultados equivalentes e se não aprendermos a escolhermos melhor, tendo como modelo seres mais elevados que se norteiam pela ética, compaixão e equanimidade, nosso planeta pode se transformar em um lugar definitivamente degradado, desequilibrado e inóspito. Tanto a guerra como a paz começam no coração dos indivíduos, a cada momento definimos o futuro. O amanhã é uma sucessão de “agoras”, toda escolha importa.
Tenho pessoalmente uma lista de invenções que poderiam ser eliminadas do planeta pelo bem comum. Ela é grande, mas no topo estão as bombas nucleares e armas químicas. Já que a maldade, a ignorância e a estupidez são bem mais difíceis de erradicar, poderíamos, pelo menos, evitar a existência de armas que pudessem nos destruir completamente várias vezes, como se uma vez não bastasse.
De tempos em tempos somos visitados por seres mais evoluídos moralmente: Buda, Jesus, São Francisco, Mahatma Gandhi, Mandela, Dalai Lama, Desmond Tutu, entre muitos outros. Eles nos ensinam que nossa essência pode alcançar níveis sublimes de bondade, altruísmo, coragem e espiritualidade. Apesar de serem humanos como nós, eles são certamente diferenciados em suas atitudes. Seres que realizaram o nível mais elevado de evolução, possível a todos, desde que realizado a partir do coração: o Homo Pacificus! Aqueles que buscam a harmonia e procuram revolucionar o mundo através do Amor! Não é necessário ter poderes paranormais para alcançar essa evolução, nem ter uma filiação a uma ou outra instituição religiosa. Na verdade, religião neste caso é opcional, obrigatório mesmo é ser humilde e estar pronto para servir ao próximo, com altruísmo e ética.
Se você está em plena evolução, busca a concórdia e a revolução interior, saiba que não está sozinho. Somos muitos, legiões, que se espalham e iluminam o céu como estrelas. Às vezes parece que as nuvens encobrem o brilho que emanam. No entanto o vento sopra, a chuva cai e mais uma vez podemos ver a luz e a beleza do infinito espaço. Só precisamos ter fé, paciência e perseverança. Continuar o trabalho pela paz, todos os dias, em todos os lugares, dentro e fora. Só assim poderemos alcançar também a evolução definitiva e nos juntaremos aos outros Homo Pacíficus e brilharemos por toda eternidade a nossa luz.
Assuma sua responsabilidade, seja parte da solução, seja a mudança que deseja ver no mundo.
Revolucione seu coração!
Regina Proença é filósofa, tradutora e coordena os projetos de Cultura de Paz no Coletivo Cultural Fora da Caixa.
Magnífico texto!
Faz bem lembrar qual caminho estamos e ou queremos seguir para alcançar a paz coletiva. Muito obrigada por sua contribuição!