Dia Internacional da Não-Violência

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A ocasião de hoje celebra o aniversário de Mahatma Gandhi, nascido em 02 de outubro de 1869. Sua vida foi sua mensagem. Ele viveu seus ideais até as últimas consequências e elevou o nível da humanidade com suas conquistas através da não-violência, diálogo, boicotes, marchas pacíficas, ocupações e sua firmeza na Verdade.

Pessoalmente, sua mensagem me tocou profundamente a ponto de transformar para sempre minha trajetória como educadora e ativista. Já se vão mais de 25 anos trabalhando e espalhando as sementes que Gandhi deixou. Hoje, meu maior orgulho é ver as crianças e jovens que participam do programa de Educação para Paz falarem com tanta admiração sobre Gandhi e as estratégias de não-violência que eles aprendem durante as aulas.

Como seria maravilhoso poder multiplicar o acesso a esse conhecimento em outras instituições. Já procurei oferecer cursos em universidades, escolas e entidades culturais, mas não tive sucesso. Não há interesse em difundir ou ao menos conhecer o legado de pacifistas como Gandhi. É muito frustrante perceber que, apesar de constantemente clamarmos por paz, pouco aprendemos ou nos interessamos em conhecer os caminhos que levam a ela.

Um programa de Educação para Paz ainda é algo raro em nosso país. Em outros países, as universidades já estão integrando este conhecimento em suas grades de estudo, às vezes como Justiça Social, Educação para Paz ou Estudos sobre Direitos Humanos. A sociedade, de forma geral, ainda não compreende o valor e a necessidade de um aprendizado pessoal sobre o assunto. Não temos paz interior nem paz social e, por mais óbvio que possa parecer, não nos damos conta de que não fomos ensinados a ter paz. Achamos que ela vai cair em nosso colo, vinda de um ser superior, brotando em meio a conflitos e guerras e eliminando a dor da violência. Somos ingênuos e pouco proativos.

Como consequência, vemos conflitos internos, externos e extremos se multiplicando. Apesar do grande sofrimento que isso gera, preferimos olhar para fotos de gatinhos, dancinhas e outras banalidades para “não sofrer” com a realidade. Sou normalmente a pessoa chata que lembra que isso não funciona. Os fatos não deixam de existir simplesmente porque os ignoramos ou os negamos. Gostaria de ter superpoderes para levar a sabedoria de Mahatma Gandhi a todos os cantos do planeta, mas sigo aqui, em meu trabalho de formiguinha, buscando alternativas em uma terra árida e seca.

Quem sabe, quando a dor alcançar nossos corações de um jeito que nada mais tenha o poder de nos distrair, uma fenda de luz se abra e, dali, nasça uma sociedade mais justa, equânime, inclusiva, não violenta e norteada por valores de irmandade e riqueza interior. Assim, quando chegar novamente o Dia Internacional da Não-Violência, poderemos comemorar de fato, alegrando a alma do aniversariante do dia e unindo nossas almas no intuito de criar um mundo melhor.

Mãos em prece,

Regina Proença

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