Dervixes Rodopiantes
Na Capadócia, fomos assistir uma apresentação de dança dos Dervixes Rodopiantes, uma cerimônia sufi conhecida como Sema. Sua filosofia mística é responsável por uma das produções culturais mais relevantes do Islã. Entre os principais escritores sufistas estão Omar Khayyam (1048-1131), al-Ghazali (1058-1111) e Rumi (1207-1273). Suas obras são carregadas de simbolismo e poesia, elas são importantes dentro e fora do mundo árabe. Muitos de seus textos servem de inspiração para filósofos ocidentais, escritores e teólogos.
Os sufistas dão muita importância para aquilo que aprendem com professores, ou seja, sua visão do Islã não é voltada exclusivamente para o livro sagrado. Em razão disso, membros de ordens tariqas se dizem capazes de rastrear a “árvore genealógica” de seus professores até o profeta Maomé.
(Fotos de Ana Carolina Prado)
Uma das características menos conhecidas da religião islâmica é sua vertente mística, expressa no sufismo, nome que remete à túnica de lã usada pelos primeiros mestres sufis.
Todo grande sistema religioso produziu santos e místicos. Isto é, pessoas que tentaram elevar-se espiritualmente por meio da excelência do exercício das virtudes e por meio da ascese – prática de abstenção dos prazeres terrenos.
Como diz o estudioso de religiões comparadas e da sabedoria perene, William Stoddard, em sua obra Sufismo: Doutrina metafísica e via espiritual no Islã, a prática da religião islâmica “compreende, para o crente, três grandes categorias: islam (submissão à lei revelada), iman (fé na shahada) e ihsan (virtude ou sinceridade).” A prática do sufismo está relacionada a essa última categoria, a ihsan, ou prática da virtude.
Sendo assim, o sufismo se organiza em torno de uma via (ou caminho) espiritual do islã, um caminho trilhado através do cultivo das virtudes. Para este caminho, os sufis dão o nome de dhirk, isto é, a prece invocatória que veicula a “lembrança de Deus”. Um dos métodos mais praticados para se atingir a dhirk é a recitação do rosário sufi, chamado de wird. Há várias fórmulas de recitação, que podem variar de tariqa para tariqa. As taricas são organizações que comportam os praticantes da mística islâmica – apesar de haver exemplos de muitas taricas ecumênicas. Toda tarica é encabeçada por um shaikh (ou cheike) que orienta os iniciados que querem se aprofundar no cultivo das virtudes e no estudo da religião.
Fotos e filmagens não são permitidas durante o rito, apenas depois em uma demonstração fora do momento ritualístico.
Linda cerejeira em flor no templo dos Dervixes!