Edfu

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Em Edfu visitamos o templo Ptolemaico dedicado à Horus. O templo é bem conservado e suas inscrições são lindas. No dia em que estivemos ali havia muita gente, turistas por todos os lados, ficava até difícil tirar fotos e a sensação de “manada” era inevitável. Os locais turísticos no Egito em sua maioria são bem limpos e organizados, um contraste com o entorno. Especialmente neste local achei tudo muito sujo, as charretes que nos levaram do barco até o templo faziam questão de correr o máximo possível, tornando o pequeno trajeto num misto de tensão e desconforto.Coitados dos cavalos que pareciam estar a ponto de colapsar e ainda como sempre era de praxe, após já ter pago a corrida era “necessário” dar gorjeta aos condutores.

O templo de Edfu é o maior templo dedicado a Hórus e Hathor de Dendera. Foi o centro de vários festivais sagrados para Hórus. Todos os anos, “Hathor” viajava para o sul de seu templo em Dendera para visitar Hórus em Edfu, e este evento marcando seu casamento sagrado foi a ocasião de um grande festival e peregrinação.

O templo atual, que foi iniciado “em 23 de agosto de 237 a.C., inicialmente consistia em um salão de pilares, dois salões transversais e um santuário barroco cercado por capelas”. O edifício foi iniciado durante o reinado de Ptolomeu III Euergetes e concluído em 57 a.C. sob Ptolomeu XII Auletes.

O Templo de Edfu está quase intacto e é um bom exemplo de um antigo templo egípcio. Seu significado arqueológico e alto estado de preservação tornou-o um centro turístico no Egito e uma parada frequente para os muitos barcos fluviais que cruzam o Nilo. Em 2005, o acesso ao templo foi renovado com a adição de um centro de visitantes e estacionamento pavimentado. Um sofisticado sistema de iluminação foi adicionado no final de 2006 para permitir visitas noturnas.

Devido ao calor, ao número de visitantes, sendo a maioria sem máscaras, ao passar pelas salas, corredores e câmaras foi me dando uma sensação de sufocamento e precisei sair e buscar uma sombra do lado de fora. Fiquei ali observando os grupos que iam e vinham e me dei por satisfeita. Não fui “feita” para o deserto, o calor pra mim é algo que incomoda e me deixa bastante desmotivada para andar e se aventurar. Claro que não há como evitar este estresse térmico nestes locais, mas meu limite de tolerância não é muito grande quando se trata de andar em bando no sol.

O ganho cultural que recebemos ao viajar por lugares como Egito é imenso, é uma experiência que transforma nossa percepção de grandiosidade e devoção, mesmo com a destruição de muitos hieróglifos e a adaptação destes templos mais tarde pelos cristãos e outros bárbaros, ainda assim percebemos o quanto a passagem do tempo não apagou a beleza e a suntuosidade destes locais.

É uma pena que os egípcios atuais não tenham mantido o mesmo nível de desenvolvimento arquitetônico e social, a impressão que tive foi de que não há nada de importante ou precioso na vida deles além das conquistas feitas no passado, eles vivem “de passado”, eles são “sanguessugas” dos faraós e suas construções, infelizmente isso os deixa em condições sociais e culturais complicadas. É perceptível o orgulho que eles sentem das conquistas e construçṍes magníficas dos antigos faraós mas não parecem estar preocupados em atualizar esse conhecimento ou trazer novos elementos para a sociedade como um todo.Parecem bem acomodados nos louros alheios e exploram ao máximo o que sobrou da cultura antiga.

Imagino como o país sofreu sem os turistas nos anos de pandemia, pois sem os turistas o país certamente enfrentou uma profunda crise, muitos negócios devem ter quebrado ou se viram forçados a buscar outras atividades. Talvez por outro lado essa tenha sido uma preciosa oportunidade para criar outros caminhos de desenvolvimento no futuro, onde eles dependam menos do turismo e modernizem sua sociedade para trilhar novos rumos. Quem sabe?

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