Editorial – Novembro 2022
Editorial – Novembro 2022
Caros amigos,
Estamos vivenciando um momento complexo, uma crise de valores onde podemos escolher entre o Caos e a Comunidade. A realidade pede serenidade, união e diálogo. Para nos guiar nestes tempos sombrios decidimos homenagear um ser humano que representa para o mundo um exemplo de liderança pacífica e não-violência: Mahatma Gandhi.
Realizamos um Festival de Cultura de Paz em prol de nossos parceiros do Educandário e Instituto André Luiz, com arrecadação de mantimentos e uma programação cultural aberta ao público. Em meio a tanta energia pesada no país, conseguimos encontrar uma brecha por onde a luz e a concórdia puderam entrar, foi sublime!
Meus agradecimentos a nossa equipe maravilhosa, aos palestrantes convidados Luiz Segamarchi, Professor Xavier e ao ator João Signorelli que nos inspirou com seu monólogo de Gandhi. O evento teve também a abertura da exposição Arte pela Paz, oficina de incensos com Milene Branco, uma feira de artesanato cheia de coisas lindas e as delícias do Café Refúgio.
Nós do coletivo cultural Fora da Caixa nos sentimos muito realizados por organizar eventos que trazem reflexões, com propósitos elevados e aproximam as pessoas através de uma convivência harmônica. Assim sentimos que fazemos a nossa parte para criar um mundo onde desejamos viver. Deixo aqui uma reflexão feita por Martin Luther King sobre a “Casa Mundial”, aspiro que nossa compreensão alcance o mais alto nível de sabedoria para que enfim possamos aflorar o melhor de nós em prol do bem comum.
A Casa Mundial – Trechos do texto de Martin Luther King
Há alguns anos um famoso escritor faleceu. Entre seus escritos foi encontrada uma lista de temas para futuros livros. Dentre eles o mais destacado era: “Uma família muito desunida herda uma casa na qual devem viver juntos”.
Este é o novo grande problema da humanidade. Herdamos uma casa grande, uma “casa mundial” na qual temos que viver juntos: preto e branco, ocidental e oriental, gentio e judeu, católico e protestante, muçulmano e hindu – uma família com membros separados desde sempre em idéias, culturas e interesses, e que, impossibilitados agora de viver isoladamente, precisam de alguma forma conviver em paz uns com os outros.
Estamos vivendo uma época onde as diferenças se aprofundam e as iniciativas em prol do bem comum, integração e engajamento são soterradas pela imensa quantidade de notícias de violência, morte, discriminação, abusos e abandonos. Esquecemos que a nossa comunidade global é o resultado da evolução da espécie humana, somos todos irmãos e irmãs, não há dúvida que temos uma origem comum. Herdamos este lindo planeta, que pode nos fornecer muito mais do que precisamos. Somos capazes de preservar e manter o equilíbrio em nossa casa desde que deixemos de lado a ganância, a guerra e a falta de unidade entre os povos.
Agora nos defrontamos com o fato de que o ontem se tornou hoje.
Somos confrontados com a urgência feroz do agora.
Neste desenrolar de vida e história há algo
que se denomina chegar tarde demais. A procrastinação
é o ladrão do tempo. A vida freqüentemente nos deixa nus
e miseráveis diante de uma oportunidade perdida.
A maré dos negócios humanos não fica permanentemente na enchente.
Ainda que peçamos desesperados por uma pausa
na passagem do tempo, ele se mostra indiferente e segue correndo.
Por sobre os ossos calcinados e destroços amontoados
de inúmeras civilizações lê-se as palavras “tarde demais”.
No livro invisível da vida, que fielmente relata
nossos zelos e negligências, “a mão escreve, e tendo escrito,
move-se adiante…” Ainda temos uma escolha:
coexistência não-violenta ou co-aniquilação violenta.
Esta pode bem ser a última chance de escolhermos entre caos e comunidade.
Em: Where do we go from here: Chaos or Community, Martin Luther King Jr., 1967