Gandhi 150 anos
A relevância do pensamento de Mahatma Gandhi para a atualidade
Há 150 anos, no dia 02 de outubro de 1869, nascia na Índia Mohandas Karamchand Gandhi. Quando ele nasceu, a Índia era governada pelo Império Britânico. Ao invés do povo se sentir ressentido pelo governo estrangeiro, uma geração de Indianos educados estava satisfeita em se submeter à “Missão Civilizatória” de seus senhores estrangeiros. A submissão política tinha sido reforçada pela servidão intelectual e moral. Parecia que o Império Britânico na Índia estaria a salvo por séculos.
Porém, quando Gandhi morreu, a Índia era uma nação livre e lamentou tremendamente sua perda. Os deserdados tinham recuperado sua herança e a “massa silenciosa” tinha encontrado sua voz. Os desarmados tinham vencido uma grande batalha e tinham, no processo, evoluído sua força moral ao ponto de atrair a atenção e, até certo ponto, a admiração do mundo. A história desse milagre é também a história da vida de Gandhi pois ele, mais do que qualquer outro, foi o arquiteto desse milagre. Desde então, seus compatriotas agradecidos o chamam de o Pai da Nação.
Sua postura ética conferiu a ele uma autoridade moral tão elevada e coerente com seu ideal e práticas de não-violência que desde então tem influenciado muitos movimentos de resistência pacífica e conquista de direitos civis em todo planeta.
Ainda hoje, sua mensagem é relevante em diversos aspectos da sociedade. Há muitas dimensões possíveis para as ações e filosofias de Gandhi. Devido à sua personalidade curiosa e experimentalista, podemos encontrar inspiração em seus ensinamentos sobre educação, política, liderança, sociologia, psicologia, espiritualidade, ecologia, alimentação e tratamentos naturais. Sua versatilidade e profundidade nos encantam e estão entre nossas principais referências. Seus ensinamentos são um verdadeiro tesouro para a humanidade. Suas reflexões são sementes preciosas de inspiração e sabedoria prática. Mas assim como as sementes que são guardadas em uma caixa não germinam, para que nasçam, precisamos espalhá-las ao vento, plantá-las em nossos corações e assim multiplicarmos sua mensagem em todas as direções.
Ele era um idealista prático. Possuía uma esperança ativa, pois há uma esperança má, aquela da simples espera. A esperança boa é quando esperamos que através das nossas ações algo mude.
“Não sou um visionário. Acredito ser um idealista prático. A religião da não-violência não é destinada meramente para rishis e santos. Ela é destinada às pessoas comuns também. Não-violência é a lei de nossa espécie assim como a violência é a lei do bruto. O espírito permanece adormecido no bruto e ele não conhece nenhuma lei além da força física. A dignidade do homem requer obediência à uma lei superior – a força do espírito…” – Mahatma Gandhi
Muito tempo antes de existir qualquer movimento ecológico, Gandhi se recusava a responder uma carta usando um novo papel – fosse de quem fosse, ele a respondia no verso ou no envelope. Argumentava que não era necessário que outras árvores fossem derrubadas para que ele pudesse responder uma carta. Ele acreditava que todas as nossas ações e escolhas importavam. Costumava dizer: “Se você não for capaz de fazer as pequenas coisas, as grandes você não fará”. As pequenas ações importam.
Para Gandhi, o indivíduo deveria trabalhar para aperfeiçoar seu caráter em uma sociedade espiritual, baseada em princípios como amor, verdade, não-violência e justiça, que o levassem a buscar seu destino divino. Ele dizia: “Meu credo é o serviço a Deus, assim sendo, o serviço à humanidade”.
Para ele, significado da palavra Deus poderia ser intercambiado pela palavra Verdade ou Amor. Uma de suas mais famosas frases é “A Verdade é Deus”. Ele considerava que a grandeza de um homem poderia ser medida a partir do quanto ele trabalha para o bem-estar de seus companheiros. O objetivo da educação deveria ser o desenvolvimento completo das potencialidades de todas as crianças na escola para aumentar o bem-estar da comunidade à qual ele pertence, o aprendizado formal de leitura, escrita e aritmética não deveria ser a única finalidade da educação. A finalidade da educação seria o desenvolvimento da personalidade através do corpo, coração, mente e espírito. Ele deu uma grande ênfase ao desenvolvimento das habilidades manuais e o aprendizado técnico no desenvolvimento de atividades que pudessem capacitar os estudantes a gerar seu próprio sustento quando deixassem a escola. Trabalhos manuais como aprender a cuidar de uma horta, carpintaria, marcenaria, atividades que favorecem a disciplina, responsabilidade e o treinamento de habilidades vocacionais constituem uma importante parte de sua filosofia.
Quando perguntado qual seria seu objetivo para a educação quando a Índia ficasse independente, ele rapidamente respondeu: “Construção de caráter. Eu tentaria desenvolver a coragem, força, virtudes, a habilidade de se perder em serviço em prol de um bem maior. Isso é mais importante que alfabetização. O aprendizado acadêmico é apenas um meio para se atingir este bem maior. Os estudantes devem buscar em seu interior e cuidar do desenvolvimento de seu caráter, pois o que é a educação sem caráter, e o que é o caráter sem a purificação pessoal?”
O ideal de educação de Gandhi é consistente e está em perfeita sincronia com os objetivos de criação de uma educação social, emocional e ética, como proposta por Sua Santidade Dalai Lama, pesquisadores e educadores que criaram o SEE Learning, uma metodologia de educação baseada em valores humanos e ética secular, criado por uma equipe multidisciplinar na Universidade de Emory.
Gandhi buscava um caminho do meio, evitando extremismos. Ele argumentava que o indivíduo deveria equilibrar sua vida entre os objetivos educacionais e sociais em sua vida. Ele sintetizou os ideais de serviço social e desenvolvimento pessoal. Acreditava que deveríamos devotar uma parte de nosso dia a servir as pessoas à nossa volta de maneira prática. Dizia que o indivíduo deveria estar preparado para pegar uma pá, vassoura e balde. Deveria voluntariamente realizar diariamente tarefas que beneficiem diretamente seu entorno e sua comunidade. Ele acreditava que alcançaríamos a auto realização através do serviço e auto sacrifício.
Encontramos no pensamento de Gandhi a convicção de que a verdadeira educação consiste no desenvolvimento da mente e do corpo, acompanhado do despertar da alma. De acordo com ele, era errôneo pensar que as faculdades físicas e espirituais de uma criança se desenvolvem separadamente.
Temos muito o que aprender com Mahatma Gandhi, buscamos em nossos projetos aplicar as ideias e desenvolver as qualidades humanas mais preciosas e elevadas em nossas crianças e jovens. Inspirados por sua maneira direta, simples e sábia, espalhamos as sementes de paz, não-violência e espírito de serviço que ele nos deixou.
Para honrar sua vida e seus ensinamentos, vamos celebrar o seu legado com uma programação especial. Uma forma singela de agradecimento por estar presente em nossas vidas, inspirando nossas ações! Venham celebrar conosco dia 05 de outubro. Clique aqui para mais informações.
Gandhi, você é nosso verdadeiro super-herói!
Viva Gandhiji!
Namastê!
Regina Proença