Karnak e Luxor
Voamos do Cairo à Luxor onde começou nosso cruzeiro, nos acomodamos no barco que nos levaria pelo Rio Nilo em direção a Assuan. Assim que chegamos fomos visitar os templos de Karnak e Luxor. Dois locais que nos remetem a grandiosidade da cultura egípcia. As dimensões das colunas, esculturas e a beleza dos dois complexos são realmente incríveis. Mesmo já tendo visto dezenas de vezes as imagens pela tv, o impacto de estar ali no templo e museu arqueológico é arrebatador.
Visitamos primeiro Karnak e pelas fotos vocês já podem perceber a beleza desse templo. Quando contemplamos suas estruturas sentimos que a energia destes locais mexem conosco, parece que em algum lugar de nossa ancestralidade estão encriptadas as mensagens dos hieróglifos e das civilizações que criaram com tanta arte e beleza estes templos. Suas histórias, conquistas e batalhas estão registradas nas colunas e paredes, mesmo com a passagem do tempo não deixam de despertar respeito e reverência aos que visitam estas construções. Por um momento sentimos o quão grandioso e esplêndido estes reinos já foram e mais uma vez como em todos os locais que estive, pude refletir sobre a impermanência, a transformação da humanidade e suas conquistas, que por mais grandiosas que sejam ficarão para trás. Claro que neste caso ficaram belamente registradas mas ainda sim não ultrapassam a barreira do tempo e as limitações humanas.
História é o que não falta neste local. Seguem algumas informações que encontrei, como não sou especialista em história egípcia me limitei apenas em pontuar alguns fatos. O Império Médio foi um período de crise e instabilidade. No final desse período, a capital foi transferida para Tebas, hoje Luxor, no sul do país.
O Império Novo é o período de maior prosperidade do Egito, época em que mais se construíram templos e que os limites geográficos do império mais se expandiram. Como nesse período a capital do Império era Tebas, ela se tornou o centro político, econômico e religioso da região, onde se localizavam os principais templos do império e as tumbas dos faraós.
Três mil e quatrocentos anos atrás, um polêmico faraó egípcio abandonou seu nome, sua religião e sua capital em Tebas (a atual Luxor). Os arqueólogos sabem o que aconteceu a seguir: o faraó Akhenaton construiu a cidade de Akhetaton, de curta ocupação, onde governou ao lado da esposa, Nefertiti, e passou a cultuar o sol. Após sua morte, seu filho Tutancâmon tornou-se governante do Egito — e deu as costas ao polêmico legado do pai.
Mas por que Akhenaton abandonou Tebas, que havia sido a capital do antigo Egito por mais de 150 anos? As respostas podem estar guardadas na metrópole real industrial descoberta dentro de Tebas, herdada por Akhenaton de seu pai, Amenhotep III. A descoberta, apelidada de “cidade de ouro perdida de Luxor” em um anúncio divulgado recentemente, desperta tanto entusiasmo, especulação e polêmica quanto o faraó renegado que a abandonou.
A cidade parece ter sido reocupada por Tutancâmon, que abandonou Akhetaton durante seu reinado e instituiu uma nova capital em Memphis. Ay, que posteriormente herdou o trono ao se casar com a viúva de Tutancâmon, também parece ter ocupado a cidade. Quatro camadas distintas de assentamentos no sítio arqueológico indicam diferentes épocas de ocupação desde o período copta-bizantino entre os séculos 3 d.C. e 7 d.C.
Os gregos a denominaram Tebas, pela semelhança com a cidade grega de mesmo nome. Posteriormente, os árabes batizaram-na como Luxor, que significa “palácios com mil portas”. Quando ainda se denominava Tebas, Luxor foi a capital do antigo Egito durante mais de 1500 anos.
A cidade de Luxor fica no sul do Egito, a região é menos desenvolvida economicamente e menos povoada e portanto foi possível preservar melhor os sítios arqueológicos. Ao contrário da região metropolitana de Cairo, parte mais rica e populosa do país, que cresceu muito no último século e avançou sobre vários sítios arqueológicos. Memphis por exemplo foi engolida pelas novas construções e nada restou de seu sítio arqueológico.
Luxor está dividida em duas partes: ao oeste e ao leste do Rio Nilo. No Egito Antigo, a margem leste era reservada aos vivos, onde ficavam os templos e as casas dos moradores. O lado oeste era reservado aos mortos, por isso é o local onde encontravam-se as tumbas, sendo o mais importante o Vale dos Reis, onde ficavam as tumbas dos faraós.
No Egito existe uma superstição que diz que se estiver em busca um amor verdadeiro você deve dar sete voltas em torno do escaravelho, por isso há sempre pessoas fazendo este ritual e tentando trazer as bênçãos de um amor genuíno para suas vidas, o tempo passa, as tradições mudam mas as buscas humanas mais fundamentais continuam as mesmas.
Uma outra coisa que me deixou triste e também indignada foi a destruição pelos cristãos de tantas inscrições, hieróglifos e templos. Não entra na minha cabeça a ideia de que devido a divergências de cultos e crenças alguém possa deliberadamente destruir algo que foi criado em outra época do mundo. Como alguém pode ser tão insensível à beleza, pegar uma picareta e simplesmente destruir algo sem deixar nada de belo no lugar. Muitos locais foram destruídos pela ação do tempo, terremotos, erosões e outros desastres naturais, mas o pior e mais perigoso fator de destruição foi mesmo o ser humano intolerante e estúpido. Infelizmente isso ainda nos assombra, continuamos a destruir e tentar apagar aqueles que pensam diferente e/ou cultuam outros deuses, o tempo não foi o bastante para trazer lucidez e respeito à nossa espécie.Aprendizado não parece ser o nosso forte no quesito respeito à religião alheia. Lamentável!
Chegamos ao templo de Luxor no final da tarde e ver o pôr do sol neste local adicionou um encanto ainda maior à nossa visita. Fechamos o dia com chave de ouro, sentindo a luz dos últimos raios darem um toque mágico e especial que ficou gravado em nossa memória e coração.