Kasturbhai Lalbhai e Museu do Índigo

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Situado entre árvores altas e jardins exuberantes, o complexo do Museu Kasturbhai Lalbhai consiste em dois edifícios que foram cuidadosamente restaurados pelo renomado arquiteto Rahul Mehrotra. O edifício principal, uma casa colonial construída em 1905, exibe mais de mil anos de arte indiana. A seleção exposta reflete a natureza eclética da coleção. Procura equilibrar o mérito histórico da arte com os favoritos pessoais, mantendo ao mesmo tempo a essência da casa de família. As pinturas expostas pertencem a uma variedade de tradições e estilos, com pinturas das escolas persa, Mughal, Deccan, Pahari e Rajasthani, Thangkas tibetanas, retratos da Company School, pinturas modernistas da Escola de Bengala e cartões postais pintados da Índia pré-independente. A arte em pedra, metal, madeira e Bidri abrange um período de mais de mil anos.

Kasturbhai Lalbhai (1894 a 1980) foi um dos industriais pioneiros da Índia pré e pós-independência. Seu astuto senso comercial fez com que o grupo Lalbhai crescesse de uma única fábrica têxtil para um conglomerado de sete fábricas, um grande complexo de produtos químicos e corantes situado em um município próspero. Ele enriqueceu o cenário educacional, social e cultural de Gujarat e especialmente de Ahmedabad com igual distinção. Ele, junto com Vikram Sarabhai, estabeleceu em Ahmedabad algumas das mais importantes instituições de educação e pesquisa da Índia. Como presidente do Anandji Kalyanji Trust, ele empreendeu a renovação de alguns dos templos jainistas mais famosos, como Dilwara, Ranakpur, Taranga, Girnar e muitos mais. Com atenção aos detalhes, ele meticulosamente os restaurou à sua glória original. Tal era o seu entendimento da arquitetura e seu olhar para a estética que Louis Kahn o chamou de arquiteto natural. Nas palavras de Shri B. V. Doshi, “Ele é um homem vasto, um classicista… Ele tem um sentimento pelo grandioso, pelo memorável e, portanto, é a pessoa certa para construir instituições e renovar templos.

A casa onde ele viveu abriga exposições com artes de diversas partes da Índia, Persian, Mughal, Deccan, Pahari, Rajastão e Thangkas Tibetanas, além de suas coleções particulares e sua biblioteca. A arquitetura suntuosa e de muito bom gosto torna o ambiente encantador. No dia em que estive no local a casa não estava aberta para visitas mas andei por seu lindo jardim e visitei os dois outros museus que estão na propriedade.

No prédio adjacente, a casa Claude Batley, construída na década de 1930, foi criado espaço para abrigar exposições temporárias, retrospectivas de artistas e mostra de obras de jovens artistas. Deixando a beleza do edifício antigo intocada e imaculada, uma galeria de vidro, única e distinta, foi adicionada para criar espaço de exposição extra. O complexo conta ainda com um pequeno anfiteatro com capacidade para 250 pessoas que pode receber pequenas apresentações, saraus musicais, palestras e discursos.

Fonte: https://kasturbhailalbhaimuseum.com

O comércio têxtil foi grande fonte de riqueza desde a época colonial, a riqueza das cores, padrões e bordados encantaram as cortes européias e suas criações foram cobiçadas por reis, rainhas, imperadores e a alta sociedade. Quando visitamos o museu e vemos a diversidade, a delicadeza e as cores vibrantes dá para entender perfeitamente o frisson que os xales, mantas, roupas e painéis devem ter causado. A beleza é impactante e continua sem dúvida a inspirar estilistas antigos e modernos. Sempre que visito a Índia volto encantada com a cultura, a arte, a espiritualidade e a gastronomia desse país. há sempre mais para ver, conhecer e experimentar.


Museu do Índigo

Em um prédio anexo há um museu com objetos de arte tingidos pelo índigo, essa cor azul foi um dos pigmentos naturais mais cobiçados e celebrados pelos indianos. A cor azul intensa é encontrada na cor da pele de suas divindades e representa a pureza,  espiritualidade, simboliza a cor do cosmos. Com um nome que significa “o indiano” ou “da Índia”, a cor índigo está fortemente entrelaçada na história indiana. A primeira nação a transformar a produção de índigo em um comércio internacional, a Índia antiga produziu alguns dos melhores e mais luxuosos corantes e tecidos de índigo de todos os tempos. Devido a ganância dos fazendeiros, seu cultivo foi motivo de discórdia e conflitos na época de Mahatma Gandhi. Os arrendatários eram obrigados a plantar 70% da propriedade de índigo e apenas 30% restava para plantação de grãos e o cultivo de alimentos. Isso gerou uma revolta, pois a fome se alastrava pela região enquanto os ricos fazendeiros ficavam ainda mais ricos.

A loja do museu possui uma variedade de produtos tingidos pelo índigo, são lindos tons de azul que encantam. Na ocasião de minha visita, conheci a artista que criou as cerâmicas que estão na foto, uma lindeza!

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